sexta-feira, 30 de julho de 2010

O vilão que virou ídolo

Desconheço, na história da teledramaturgia brasileira, um vilão que tenha virado ídolo. Na ficção, bem como na realidade, é o bom moço que consegue atrair uma legião de fãs. O homem certinho, bom filho, bom marido, bom esposo, consegue transformar-se em ídolo da noite para o dia. E esse caso “Bruno x Elisa Samudio” me fez refletir sobre isso.O ex-goleiro do time do meu coração, acusado de mandante de um crime bárbaro, com indícios de crueldade, ERA um ídolo e tornou-se vilão, ou o contrário? Defendo a tese contrária. E baseio-me em argumentos contundentes:Já esteve metido em confusão com torcedores, já falou besteira em rede nacional (em entrevista onde defendeu o jogador Adriano), assumiu já ter batido em mulher, e , o maior e melhor de todos os argumentos: NÃO É BOM FILHO! Como já dizia minha avó: “aquele que não é bom filho, não consegue ser bom pra ninguém na vida.”Pois bem... Bruno conseguiu tirar um pouco do brilho do futebol. O futebol ficou triste, envergonhado. Como explicar pra mim mesmo que um ídolo da minha torcida é alguém cruel, desumano?A justiça “ainda” não o condenou, mas ele já está condenado pela nação rubro-negra, pela nação brasileira. Nós, que há dois anos, três anos, gritávamos orgulhosos, em finais de campeonato: “Eu tenho um goleiro”, ficamos cabisbaixos. Hoje, só nos resta a decepção. Não sou esportista, mas já fui. Pratiquei karatê, vôley e já tive até um time de futebol feminino. No Karatê, onde eu cheguei à faixa verde, aprendi com o esporte, a respeitar as regras, o outro, o trabalho em equipe, a ética. O que vejo que sobrou nos atletas de hoje em dia, sobretudo os jogadores de futebol, nada tem a ver com isso. Munidos de super-salários eles se acham os donos da razão, os homens da verdade, assumindo uma postura contrária a tudo aquilo que, teoricamente, o esporte deveria ensinar. O futebol é fugaz. Da noite para o dia, um menino pobre da favela vira ídolo de uma nação. E vira um ídolo sem educação, sem base, sem alicerce e, como parece o caso do Bruno, sem coração.Daqui a alguns dias, o país esquece tudo isso. Uma vida se perdeu, mais uma criança entrou para a estatística dos órfãos, e , ao que parece, o todo-poderoso ex-goleiro do Flamengo, vai sair imune a isso tudo. Isso me entristece.Por isso eu afirmo: por todo seu histórico de vida e por todas as teses comprovadas por ele mesmo: Não, jornalistas. Bruno não é o ídolo que virou vilão. É o vilão que, por um bom tempo, usou máscara de ídolo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ivete Sangalo: Um exemplo de artista, um show de simpatia

Qualquer jornalista ou estudante de jornalismo sabe (ou pelo menos deveria saber) que a premissa do jornalismo é a verdade, bem como a premissa da boa matéria jornalística é a imparcialidade. Peço licença aos colegas jornalistas e aos teóricos do assunto, mas a parcialidade tomará conta de mim neste relato.
Os que me conhecem muito, os que me conhecem pouco, e talvez até os que não me conhecem, sabem o quanto eu admiro a cantora Ivete Sangalo. E são vários os motivos: pela voz inigualável, pela alegria que ela transmite, pelo jeito único e irreverente de ser, e, sobretudo, pelo trato que ela tem com seu público.
Só para constar: eu não faço parte de nenhum fã clube da cantora. Apenas admiro e acompanho seu trabalho, além de torcer pelo sucesso, sempre. Digo mais: a paixão pela cantora ultrapassa gerações na minha família. Mãe, irmãs e sobrinhos babam Ivete Sangalo.
Pois bem, vamos ao que interessa: na segunda-feira de Carnaval, resolvi sair da toca e ir no circuito Barra-Ondina conferir o que tava rolando por lá. Na verdade eu fui para Ondina, já no final do circuito, ali na avenida Adhemar de Barros. Estava com minha mãe, uma das minhas irmãs e minha sobrinha Cecília (de 2 anos). O fato é que nós estávamos hospedadas praticamente no circuito e saímos do apartamento única e exclusivamente para conferirmos Ivete Sangalo de perto.
Bem afastadas da multidão que seguia Ivete, avistamos de longe a onça e o seu trio Demolidor. Era ela que tava chegando e sua voz já poderia ser ouvida e sentida de onde nós estávamos: ali no final, onde o artista diz tchau, estávamos nós. Minha sobrinha no meu ombro, esperava pra ver Ivete de perto. A cantora se despediu do público e foi para a lateral do trio acenar para alguns fãs que chamavam por ela. Entre essas vozes estava a de Cecília. Ela gritava “Bete, Bete”. E, embora tenhamos certeza de que ela não tivesse ouvido os gritos da pequena, ela avistou a menina de peruca rosa, sentada em meu ombro, acenando para ela. Imediatamente, ela veio em nossa direção (ela de cima do trio, nós da calçada) e acenou, brincou, soltou beijo para Ciça. Fez gesto de quem iria morder a menina e disse ainda que ela era muito linda. Pronto: nós que não havíamos pulado um dia sequer de Carnaval, ganhamos o dia, a noite, ganhamos o ano. Mas muito mais estava por vir. A diva da música brasileira pediu que um de seus seguranças nos levasse para cima de seu trio.
Alôôôô... ela apontou pra gente, cochichou com o segurança e em menos de um minuto nós estávamos em cima do Demolidor.
A uma altura dessas eu já tremia, já estava sem voz e Cecília estava lá: firme e forte, toda cheia de charme e de pose. Afinal, graças a ela estávamos ali. Ao entrar no demolidor e dar de cara com o camarim da musa, fomos recebidas pela simpaticíssima Cíntia Sangalo. Ela brincou com Cecília, beijou, abraçou e, quando Ivete descia do trio, em nossa direção, ela gritou: “Óh, Ivetinha, que coisa linda tá aqui.”
A mamãe do ano revidou com aquele vozeirão que só ela tem: “Eu vi minha filha, eu que mandei buscar”. Daí em diante foi só alegria. Daí em diante foram os cinco minutos mais lindos de todos os meus 26 carnavais: Ivetão pegou a pequena no colo, beijou, abraçou, conversou, tirou foto, brincou, saiu mostrando pro marido, pra todo mundo do trio e não se deu quando eu perguntei pra Cecília quem era a cantora preferida dela e ela respondeu: “É Bete, óh ela aqui, óh”. E Ivete não sabia se ria ou se chorava.
Infelizmente, a diva tinha outros compromissos e outras pessoas também a aguardavam no camarim do trio. E lá se foram cinco minutinhos inesquecíveis. Voltamos para casa felizes da vida e mais certas ainda de que Ivete é digna de todo esse sucesso. Ela não finge ser tudo aquilo que a gente assiste na Tv ou ouve no rádio. Ela é pura simpatia, atenção e carinho com os fãs.
Este relato pode parecer uma enorme besteira para muitos, mas para mim, é a mais pura e singela demonstração de carinho e um exemplo que deve ser seguido por aqueles que se dizem artistas. Ivete não precisa provar nada pra ninguém. Ela já alcançou tudo e mais um pouco. É, sem sombra de dúvidas, a maior cantora do Brasil na atualidade. Por isso eu digo que ela é um exemplo a ser seguido: exemplo de artista, de mulher “porreta” (como ela mesmo diz), de carinho, de atenção, de respeito com as pessoas que tanto lhe querem bem.
Hoje, ela talvez não lembre de tudo isso. Afinal, quantas pessoas ela beija, abraça, tira foto e atende por apresentação? O que ela precisa lembrar, ela lembra todo dia: é que ela tem que ter humildade, e isso, ela provou (pelo menos pra gente) que tem de sobra.
Enquanto isso Cecília segue dizendo pra Deus e o mundo que “Bete bezô na bochecha”. Eu, minha mãe e minhas irmãs seguimos ainda mais certas de que toda nossa admiração nunca foi em vão. A missão agora é encontrar as fotos (já que eu estava sem máquina e elas foram tiradas pelo fotógrafo da equipe de Sangalo).
Parabéns a Ivete Sangalo pelo jeito único de ser e pelo jeito especial que trata os que lhe seguem. Parabéns à equipe tão preparada e tão atenciosa. Parabéns à Bahia pela artista que tem. O carnaval de 2010 vai entrar para a história (ainda que eu só tenha aproveitado alguns minutos dele).




P.S.: Só p constar, o link de um vídeo com Ciça cantando um trecho da música "Na base do beijo": http://www.youtube.com/watch?v=U1zLhcHISng